Levantamento do ‘Todos pela Educação’ mostra aumento de 109,4% dos formandos em cursos de licenciatura via EAD
FONTE: CPP CNETRAL
Após análise de dados do Censo da Educação Superior, a ONG ‘Todos pela Educação’ alerta ao Ministério de Educação que o Ensino a Distância (EAD) na formação em Pedagogia e Licenciatura não pode ser uma estratégia na formação de professores, e que é preciso aprimorar os sistemas regulatórios e avaliações de entidades que oferecem essa modalidade de ensino.
Isto porque o número de concluintes em cursos voltados à formação de professores na modalidade de Educação a Distância (EAD) cresceu 109,4% na rede privada, entre 2010 e 2020 – um crescimento expressivo que se acentuou ainda mais nos últimos 2 anos da pesquisa. No mesmo período, os concluintes na modalidade presencial (tanto na rede pública como na rede privada) diminuíram, com queda mais acentuada justamente na rede privada presencial.
Realizada com base no Censo da Educação Superior, a pesquisa revela ainda que o percentual de concluintes via EAD na formação de professores nunca cresceu tanto como entre 2019 e 2020. O acréscimo foi de 9,1 pontos percentuais (passou de 52% em 2019 para 61,1% em 2020). Os dados mostram, no entanto, que a tendência já vinha ganhando espaço mesmo antes da pandemia da Covid-19 e da suspensão das aulas presenciais por um longo período nas instituições de Ensino Superior.
“Reconhecemos a importância do Ensino a Distância, especialmente para alunos que, de alguma forma, enfrentam dificuldade de acesso ou algum tipo de limitação para frequentar aulas presenciais, mas esse aluno precisa ter um ensino de qualidade, que não comprometa a formação”, afirma o coordenador de políticas educacionais da Todos pela Educação, Ivan Gontijo.
Ele ressalta que “formar professor é coisa séria. Precisa de tempo, de discussões aprofundadas sobre a docência, de vivência nas escolas, de simulações de situações reais de sala de aula. O Ministério da Educação precisa melhorar os processos regulatórios e a avaliação que faz dos cursos. Não podemos ter essa proliferação de cursos, sem clareza sobre a qualidade da formação inicial que vem sendo ofertada para os nossos futuros professores”.
De acordo com o especialista em educação, “o alerta não significa não ser possível estudar com qualidade no EAD Pedagogia ou outro curso, mas sim que é necessário que o Ministério da Educação realize constantes avaliações dos cursos à distância para que realmente seja uma modalidade que facilite o acesso à educação”, disse Gontijo. Para ele, é “preocupante unidades educacionais fecharem cursos presenciais, que são mais onerosos, e se dedicarem apenas ao Ensino a Distância
De 2010 a 2020, o número de concluintes em cursos de formação inicial docente (FID) aumentou em 1,5%, sendo que, entre 2013 e 2020, o aumento foi de 18,9%.
Esse incremento deve-se à expansão da modalidade de Educação à Distância (EAD) na rede privada, cujo número de concluintes cresceu 109,4% entre 2010 e 2020 (e 170,3% entre 2013 e 2020). Na modalidade presencial (tanto na rede pública como privada), o número de concluintes de cursos de formação inicial de professores diminuiu neste período.
De cada 10 alunos concluintes de cursos de formação inicial docente no Brasil, 6 estão na modalidade EAD (61,1%). Já nos demais cursos do Ensino Superior brasileiro, esse número é inferior a 3 em cada 10 (24,6%). Portanto, a participação do EAD no total de concluintes na formação inicial de professores é superior ao dobro em comparação com outros cursos.
A participação da Educação a Distância no total de concluintes de formação inicial de professores nunca cresceu tanto como entre 2019 e 2020. O acréscimo foi de 9,1 pontos percentuais (era 52% em 2019 e passou para 61,1% em 2020).
Fontes: TV Cultura e STB News