“Sofri todos os percalços entendendo, mas não concordando, com o preconceito racial, que foi um trauma na minha vida. Assim, o teatro para mim foi a grande salvação.”
– Milton Gonçalves
Milton Gonçalves
(Monte Santo de Minas, 9 de dezembro de 1933 – Rio de Janeiro, 30 de maio de 2022)
Foi casado com Oda Gonçalves desde 1966, com quem teve três filhos, incluindo o ator Maurício Gonçalves.
Milton começou a carreira em São Paulo. Milton trabalhava como gráfico quando, um dia, depois de assistir à peça A Mão do Macaco, a convite do ator Egídio Écio, saiu maravilhado.
Tratou de entrar logo para um clube de teatro amador, do qual passou para um grupo profissional.
Um novo diretor carioca procurava um ator para fazer um Preto velho na peça Ratos e Homens.
O diretor era Augusto Boal e, o grupo, o Teatro de Arena de São Paulo. “Lá encontrei Gianfrancesco Guarnieri, Flavio Migliaccio, Oduvaldo Viana e tantos outros. Estudavam história do teatro, impostação de voz, postura, filosofia, arte e política.”
Milton escreveu quatro peças, uma delas montada pelo Teatro Experimental do Negro e dirigida por Dalmo Ferreira.
“Ali aprendi tudo o que sei sobre teatro. Foi fundamental para a minha compreensão do mundo.”
Militante do movimento negro, Milton Gonçalves chegou a tentar a carreira política, nos anos 90, ao candidatar-se a governador do estado do Rio de Janeiro, em 1994.[1]
Gonçalves foi também o primeiro brasileiro a apresentar uma categoria na cerimônia de premiação do Emmy Internacional em 2006.

Participou do especial Chico Eterno, que foi uma homenagem ao mestre do humor Chico Anysio, ao lado de Maurício Sherman, Fernanda Montenegro, Nizo Neto, Orlando Drummond, Boni, Quinzinho melhor amigo de Chico.
Esse programa foi gravado através da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo no Ceará.[2]
Milton Gonçalves
(Monte Santo de Minas, 9 de dezembro de 1933 – Rio de Janeiro, 30 de maio de 2022)
NOTÍCIA DO FALECIMENTO NO G1
Milton Gonçalves, ícone da TV brasileira, morre aos 88 anos
Segundo a família, ator e diretor morreu em casa, por consequências de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020.
Conhecido por trabalhos em ‘O bem-amado’, ‘Pecado capital’ e ‘Sinhá Moça’, artista venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento dos negros.
Por Luiz Antônio Costa ► g1 Rio e TV Globo
30/05/2022 – 15h20

O ator e diretor Milton Gonçalves, ícone da TV brasileira, morreu no Rio nesta segunda-feira (30), aos 88 anos
Conhecido por trabalhos marcantes em novelas como “O bem- amado” (1973) e as primeiras versões de “Pecado capital” (1975) e “Sinhá Moça” (1986), ele morreu em casa por volta de 12h30, segundo a família, por consequências de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020. Na ocasião, o ator ficou três meses internado e precisou de aparelhos para respirar.
O velório acontecerá a partir das 9h30 desta terça-feira (31) no Theatro Municipal, no Centro do Rio.
A cerimônia será aberta ao público. Às 13h, o corpo do ator segue para o Cemitério do Caju, onde será cremado.
Em mais de seis décadas de carreira, Milton Gonçalves também venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros (leia mais abaixo).
Ele integrou, junto com Célia Biar e Milton Carneiro, o primeiro elenco de atores da TV Globo, onde fez mais de 40 novelas.
Estrelou ainda programas humorísticos, minisséries e outras produções de sucesso, como as primeiras versões de “Irmãos Coragem” (1970), “A grande família” (1972) e “Escrava Isaura” (1976).
Também se destacou em “Carga Pesada” (1979) e “Caso verdade” (1982-1986).
No ramake da novela “Sinhá Moça” (2006), repetiu o personagem Pai José que tinha feito na versão original e, desta vez, conseguiu indicação para o prêmio de melhor ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, apresentou o prêmio de melhor programa infanto-juvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon. Foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.
Milton Gonçalves interpretou o Eliseu de O TEMPO NÃO PARA, de 2018 — Foto de João Miguel Júnior – Globo
Sua última novela foi “O tempo não para” (2018), no papel de Eliseu, um catador de materiais recicláveis. Depois, esteve na minissérie “Se eu fechar os olhos agora” (2019), inspirada na obra homônima de Edney Silvestre, e interpretou o aposentado Orlando, que com a ajuda da neta se tornava Papai Noel no especial de Natal “Juntos a magia acontece” (2019).
No cinema, Milton Gonçalves estrelou mais de 50 filmes, como “Cinco vezes favela” (1962), “Gimba, presidente dos Valentes” (1963), “A rainha Diaba” (1974), “O beijo da mulher aranha” (1985), “O Que é isso, companheiro?” (1997) e “Carandiru” (2003).
Em nota na qual classificou o ator como “ícone da dramaturgia brasileira”, a TV Globo lembrou: “‘Quem tem fé, voa’, dizia Zelão das Asas, personagem eternizado por Milton Gonçalves em ‘O bem-amado’, de 1973. Em plena ditadura, o talento inconfundível de Milton encarnou a metáfora criada por Dias Gomes em um país que clamava por liberdade”.
Viúvo, Milton Gonçalves deixa três filhos e dois netos.

Luta por bons papéis para negros
Filho de Milton Gonçalves, o também ator Maurício Gonçalves lembrou que o pai venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros.
“Esse Milton que as pessoas não conhecem, batalhador. Nunca deixou cair a peteca no que tange aos filhos. O maior ensinamento meu pai me passou: ser guerreiro, nunca abaixar a cabeça a não ser para os sábios, mas lutar o tempo todo”, afirmou.
Maurício disse que sempre teve o pai como herói.
Quando criança, viu o personagem Zelão das Asas e ficou ainda mais impressionado.
“Ele sempre voou e gerou esses frutos. A gente tenta fazer o melhor possível, a gente tenta honrar essa memória do meu pai. A gente tenta fazer o melhor, mas é lutar para tentar chegar perto”, descreveu.
Outro personagem marcante foi no longa “Rainha Diaba”. Era a época da ditadura, nos anos 1970, Maurício diz que não deve ter sido fácil, para o pai, interpretar um fora da lei, negro e homossexual, num tempo difícil, cheio de preconceitos.
FONTES
